quinta-feira, 25 de março de 2010

MUSEU HISTÓRICO: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO E FUNÇÃO SOCIAL

POR TIZIANO MAMEDE CHIAROTTI


Resumo: O texto tem por objetivo relatar brevemente a trajetória da Instituição Museu e a sua função social. Nesse contexto, para cumprir este empreendimento, lança-se mão de importantes fontes textuais que, em suas linhas mais gerais, mostram o que significam aqueles tópicos.
Palavras-chave: museu histórico, função social.

Introdução

O artigo tem o objetivo de descrever a trajetória da Instituição Museu em nosso país e na cidade de Anápolis como também a de realizar uma pequena discussão sobre a sua função social. Porém, antes de começar essa tarefa, devemos entender que o sentido de museu vem da mitologia grega, cuja acepção é “a casa das musas” (Calíope, Clio, Erato, Euterpe, Melpômene, Polímnia, Tália, Terpsícore e Urânia) que enalteciam os feitos dos deuses do Olímpo após a guerra contra os Titãs. A idéia implícita era a de ser este espaço uma casa que glorificava os tempos pretéritos.
Com o passar do tempo, então, além do significado descrito acima, aquela instituição começa a ganhar outros mais amplos, em virtude do próprio desenvolvimento da ciência e, particularmente, da museologia1.
Assim, com o propósito de explicitar um pouco do museu, sua historicidade e importância, subdividimos as linhas transcritas abaixo em duas partes: “Breve contextualização” e “Função social”, seções estas que veremos com mais detalhes, adiante.

Breve contextualização

O museu histórico, conforme nos apontam os artigos contidos na Revista Brasileira de Museus e Museologia – MUSAS (Ano 3, 2007, nº. 3), é um espaço que necessita dos pilares técnicos da museologia. Estes critérios técnicos são tratados através de normas e conceitos teórico-metodológicos que levam a sua otimização frente às demandas da sociedade.
Nesse sentido, segundo o Conselho Internacional de Museus (ICOM), o atual conceito de museu é definido da seguinte maneira:

O museu é uma instituição permanente, aberta ao público, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, que adquire, conserva, pesquisa, expõe e divulga as evidências materiais e os bens representativos do homem e da natureza, com a finalidade de promover o conhecimento, a educação e o lazer. (IPHAN / ICOM, 2005, apud França, 2009)

Com este sentido, a Instituição Museu passa a ser uma grande promotora do desenvolvimento do homem, pois retrata a sua diversidade e a variada gama de possibilidades da civilização representada pela cultura material depositada no seu acervo.
No Brasil, de acordo com o Caderno de Propostas da 1ª Conferência Nacional de Cultura, aquela temática descrita no parágrafo anterior começa a tomar corpo institucional, quando os primeiros ensaios para estabelecer uma política pública para o patrimônio cultural brasileiro foram iniciados com a criação do Museu Histórico Nacional (MHN), por Gustavo Barroso, em 1922. Tal museu foi regulamentado pelo Decreto nº. 24.735/1934 e tinha como motivo principal a urgente necessidade de se proteger as obras e monumentos artísticos e históricos nacionais ameaçados de destruição.
Na cidade de Anápolis, conforme relata Leite (2007), o museu histórico2 só foi instalado a partir da Portaria nº 261 de 24 de setembro de 1971, na gestão do ex-prefeito Henrique Santillo (1969-1973). Este autor mostra que, nesse mesmo ano, foi criada uma comissão organizadora presidida pelo professor Jan Magalinski, participando Tauny Mendes, James Fanstone, dentre outros e que tinha por missão a constituição de acervo, organização de exposições, realização de cursos além de promoção de reuniões culturais e publicação de alguns números de jornais do museu.
Mais tarde, através da Lei nº 390 de 27 de junho de 1973, o museu passa a ser considerado de utilidade pública, pois se constitui num espaço que contribui com o resgate da memória, um lugar de investigação, interpretação, mapeamento da documentação e preservação cultural de Anápolis. Em vista disso, no dia 26 de julho de 1975, o museu histórico é definitivamente aberto à comunidade, na gestão do ex-prefeito Jamel Cecílio (1975-1978), tendo como primeiro diretor o Professor Jan Magalinski.
Por causa desta importância cultural, o museu abriga uma função toda especial, tópico que discutiremos aprofundadamente a seguir.

Função social

A função que o museu exerce na vida de um povo é muito relevante, haja vista que, conforme observa França (2009), este apresenta à coletividade sua história e sua cultura. Esta instituição deve promover ações para que a comunidade valorize sua identidade e preserve seu patrimônio cultural, pois:

A função do museu deve centrar-se em poder colocar a população local em contato com sua própria história, suas tradições e valores. Por meio destas atividades o museu contribui para que a comunidade tome consciência de sua própria identidade que geralmente tenha sido escamoteada por razões de ordem histórica, social e racial. (Documento do ICOM – Conselho Internacional de Museus, 1986, apud França, 2009)

Portanto, o desempenho dessa função social do museu envolve técnicas, recursos e ações socioeducativas, tais como:

Projetos para jovens, crianças e adultos mediante exposições temporárias ou itinerantes com o acervo do museu, realização de ciclos de filmes, seminários, conferências e palestras;
Visita guiada, que é um dos meios utilizados para facilitar a relação entre o visitante e o conteúdo da exposição;
Oficinas, que são formas de apoio para as atividades socioeducativas na formação e capacitação;
Publicações do museu, cujo objetivo é permitir que a população conheça o museu, as pesquisas e projetos que realiza.

Todas essas ações, enfim, são formas de o museu contribuir para o desenvolvimento da capacidade individual e coletiva do cidadão, permitindo a eles informar-se e aprender sobre seu passado, por meio da valorização e preservação do seu patrimônio cultural. Em outras palavras, permitem que as pessoas conheçam suas origens tornando-as, consequentemente, habitantes de um mesmo lugar com valores e tradições semelhantes.

Considerações finais

As atividades desenvolvidas nos museus (exposições, cursos, palestras, seminários, oficinas e outras) devem estar fortemente identificadas com as expectativas da comunidade, demonstrando que é uma organização a serviço do público. Isso simboliza o ideal da museologia social, pois cumpre com o dever de preservar e valorizar a história, a memória e as tradições locais.
Como percebemos nos parágrafos supracitados, o museu é um local com várias funções que vão desde a realização de projetos para jovens, crianças e adultos até as publicações de suas pesquisas. Assim sendo, com o intuito de divulgar estas pesquisas, este texto cumpre o seu papel informativo, divulgando a função da Instituição Museu para a comunidade Anapolina.


Referências:

CADERNO DE PROPOSTAS. 1ª. Conferência Nacional de Cultura. Estado e sociedade construindo políticas públicas de cultura. Brasília-DF, 13 de dezembro de 2005.

FRANÇA, L. Módulo II – Função Social do Museu. In: Curso de Museologia Social – Conceitos, Técnicas e Práticas. Campo Grande: Portal Educação e Sites Associados, 2009.

LEITE, J. A. Breve História do Museu. In: Jornal O Centenário: iniciação à história de Anápolis. Anápolis: UniEVANGÉLICA, 2007.

MUSAS – Revista Brasileira de Museus e Museologia, nº. 3, Rio de Janeiro: 2007.



*TIZIANO MAMEDE CHIAROTTI: É o atual diretor do Museu Histórico de Anápolis Alderico Borges de Carvalho.

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