Tradicionalmente, a função de um museu histórico é ser um lugar para se observar objetos de tempos antigos, de ter uma função contemplativa. O seu sentido, portanto, referia-se à mitologia grega, cujo significado era de ser o local a “casa das musas” (divindades que representavam assuntos elevados como a música marcial, poesia, história, entre outras e que era composta pelas seguintes deusas: Calíope, Clio, Erato, Euterpe, Melpômene, Polímnia, Tália, Terpsícore e Urânia). Tais divindades enalteciam os feitos dos deuses do Olímpo após a guerra contra os Titãs.
A partir de 1972 no continente americano, começaram a discutir o sentido do museu para esta região do mundo, pois não se tinha grandes monumentos para serem contemplados (exceto das culturas Maia, Asteca e Inca, para ficarmos nas mais conhecidas), então, era necessária uma nova concepção mais adequada à realidade americana. Surge, nesse ínterim, a chamada museologia social.
A museologia social apresenta novas teorias, técnicas e práticas para o museu, principalmente em cima de quatro pontos: Projetos, Visitas guiadas, Oficinas e Publicações. O primeiro diz respeito a exposições realizadas com o acervo do museu e que podem ser temporárias, permanentes e itinerantes. O segundo ponto significa visitações ao museu num viés pedagógico, com um roteiro pré-estabelecido e com o acompanhamento de um profissional do museu. O terceiro ponto, por sua vez, refere-se à realização de cursos para capacitação dos interessados na temática museológica. Finalmente, no último ponto, o significado é a publicação de livros, revistas, periódicos em geral sobre as pesquisas que são aí desenvolvidas.
Com efeito, o Museu Histórico de Anápolis “Alderico Borges de Carvalho”, respaldado na concepção da museologia social tem como uma de suas responsabilidades divulgar as pesquisas que são feitas sobre a história da cidade, levando aos munícipes conhecimentos sobre o seu passado que fornecem elementos para as pessoas entenderem o seu presente e apontar caminhos para o seu futuro. A tarefa primordial é fazer com que os cidadãos do município conheçam a sua história e, consequentemente, aprendam a amá-la.
Os artigos que compõem o Caderno é o resultado de pesquisas feitas por historiadores e outros profissionais de diversos ramos do conhecimento que evidenciam o caráter multidisciplinar para a explicação da realidade multifacetada da história de Anápolis, daí que os textos mostram a função da instituição museu perante a sociedade. Outros fazem um apanhado geral sobre diversos aspectos de nossa cidade, como um relato sobre o Hospital Espírita de Anápolis, da Folia de Reis do Bairro Vila São Vicente, da Vila Fabril de Anápolis, do conceito de “centralidade” no município, do trabalho das fiandeiras e, por fim, o artigo esclarecedor sobre os instrumentos legislativos municipais na área de cultura.
O Caderno de Pesquisas do Museu Histórico de Anápolis “Alderico Borges de Carvalho”, enfim, é um importante instrumento que resgata a função social dessa instituição que é ser, em linhas gerais, o guardião da memória histórica da cidade.
A DIRETORIA DA CULTURA CONVIDA A TODOS PARA A NOITE DE LANÇAMENTO DE SEU CADERNO DE PESQUISAS. O EVENTO SERÁ REALIZADO NO MUSEU HISTÓRICO "ALDERICO BORGES" DIA 13 DE ABRIL, ÀS 19:30H.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
quinta-feira, 25 de março de 2010
MUSEU HISTÓRICO: BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO E FUNÇÃO SOCIAL
POR TIZIANO MAMEDE CHIAROTTI
Resumo: O texto tem por objetivo relatar brevemente a trajetória da Instituição Museu e a sua função social. Nesse contexto, para cumprir este empreendimento, lança-se mão de importantes fontes textuais que, em suas linhas mais gerais, mostram o que significam aqueles tópicos.
Palavras-chave: museu histórico, função social.
Introdução
O artigo tem o objetivo de descrever a trajetória da Instituição Museu em nosso país e na cidade de Anápolis como também a de realizar uma pequena discussão sobre a sua função social. Porém, antes de começar essa tarefa, devemos entender que o sentido de museu vem da mitologia grega, cuja acepção é “a casa das musas” (Calíope, Clio, Erato, Euterpe, Melpômene, Polímnia, Tália, Terpsícore e Urânia) que enalteciam os feitos dos deuses do Olímpo após a guerra contra os Titãs. A idéia implícita era a de ser este espaço uma casa que glorificava os tempos pretéritos.
Com o passar do tempo, então, além do significado descrito acima, aquela instituição começa a ganhar outros mais amplos, em virtude do próprio desenvolvimento da ciência e, particularmente, da museologia1.
Assim, com o propósito de explicitar um pouco do museu, sua historicidade e importância, subdividimos as linhas transcritas abaixo em duas partes: “Breve contextualização” e “Função social”, seções estas que veremos com mais detalhes, adiante.
Breve contextualização
O museu histórico, conforme nos apontam os artigos contidos na Revista Brasileira de Museus e Museologia – MUSAS (Ano 3, 2007, nº. 3), é um espaço que necessita dos pilares técnicos da museologia. Estes critérios técnicos são tratados através de normas e conceitos teórico-metodológicos que levam a sua otimização frente às demandas da sociedade.
Nesse sentido, segundo o Conselho Internacional de Museus (ICOM), o atual conceito de museu é definido da seguinte maneira:
O museu é uma instituição permanente, aberta ao público, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, que adquire, conserva, pesquisa, expõe e divulga as evidências materiais e os bens representativos do homem e da natureza, com a finalidade de promover o conhecimento, a educação e o lazer. (IPHAN / ICOM, 2005, apud França, 2009)
Com este sentido, a Instituição Museu passa a ser uma grande promotora do desenvolvimento do homem, pois retrata a sua diversidade e a variada gama de possibilidades da civilização representada pela cultura material depositada no seu acervo.
No Brasil, de acordo com o Caderno de Propostas da 1ª Conferência Nacional de Cultura, aquela temática descrita no parágrafo anterior começa a tomar corpo institucional, quando os primeiros ensaios para estabelecer uma política pública para o patrimônio cultural brasileiro foram iniciados com a criação do Museu Histórico Nacional (MHN), por Gustavo Barroso, em 1922. Tal museu foi regulamentado pelo Decreto nº. 24.735/1934 e tinha como motivo principal a urgente necessidade de se proteger as obras e monumentos artísticos e históricos nacionais ameaçados de destruição.
Na cidade de Anápolis, conforme relata Leite (2007), o museu histórico2 só foi instalado a partir da Portaria nº 261 de 24 de setembro de 1971, na gestão do ex-prefeito Henrique Santillo (1969-1973). Este autor mostra que, nesse mesmo ano, foi criada uma comissão organizadora presidida pelo professor Jan Magalinski, participando Tauny Mendes, James Fanstone, dentre outros e que tinha por missão a constituição de acervo, organização de exposições, realização de cursos além de promoção de reuniões culturais e publicação de alguns números de jornais do museu.
Mais tarde, através da Lei nº 390 de 27 de junho de 1973, o museu passa a ser considerado de utilidade pública, pois se constitui num espaço que contribui com o resgate da memória, um lugar de investigação, interpretação, mapeamento da documentação e preservação cultural de Anápolis. Em vista disso, no dia 26 de julho de 1975, o museu histórico é definitivamente aberto à comunidade, na gestão do ex-prefeito Jamel Cecílio (1975-1978), tendo como primeiro diretor o Professor Jan Magalinski.
Por causa desta importância cultural, o museu abriga uma função toda especial, tópico que discutiremos aprofundadamente a seguir.
Função social
A função que o museu exerce na vida de um povo é muito relevante, haja vista que, conforme observa França (2009), este apresenta à coletividade sua história e sua cultura. Esta instituição deve promover ações para que a comunidade valorize sua identidade e preserve seu patrimônio cultural, pois:
A função do museu deve centrar-se em poder colocar a população local em contato com sua própria história, suas tradições e valores. Por meio destas atividades o museu contribui para que a comunidade tome consciência de sua própria identidade que geralmente tenha sido escamoteada por razões de ordem histórica, social e racial. (Documento do ICOM – Conselho Internacional de Museus, 1986, apud França, 2009)
Portanto, o desempenho dessa função social do museu envolve técnicas, recursos e ações socioeducativas, tais como:
Projetos para jovens, crianças e adultos mediante exposições temporárias ou itinerantes com o acervo do museu, realização de ciclos de filmes, seminários, conferências e palestras;
Visita guiada, que é um dos meios utilizados para facilitar a relação entre o visitante e o conteúdo da exposição;
Oficinas, que são formas de apoio para as atividades socioeducativas na formação e capacitação;
Publicações do museu, cujo objetivo é permitir que a população conheça o museu, as pesquisas e projetos que realiza.
Todas essas ações, enfim, são formas de o museu contribuir para o desenvolvimento da capacidade individual e coletiva do cidadão, permitindo a eles informar-se e aprender sobre seu passado, por meio da valorização e preservação do seu patrimônio cultural. Em outras palavras, permitem que as pessoas conheçam suas origens tornando-as, consequentemente, habitantes de um mesmo lugar com valores e tradições semelhantes.
Considerações finais
As atividades desenvolvidas nos museus (exposições, cursos, palestras, seminários, oficinas e outras) devem estar fortemente identificadas com as expectativas da comunidade, demonstrando que é uma organização a serviço do público. Isso simboliza o ideal da museologia social, pois cumpre com o dever de preservar e valorizar a história, a memória e as tradições locais.
Como percebemos nos parágrafos supracitados, o museu é um local com várias funções que vão desde a realização de projetos para jovens, crianças e adultos até as publicações de suas pesquisas. Assim sendo, com o intuito de divulgar estas pesquisas, este texto cumpre o seu papel informativo, divulgando a função da Instituição Museu para a comunidade Anapolina.
Referências:
CADERNO DE PROPOSTAS. 1ª. Conferência Nacional de Cultura. Estado e sociedade construindo políticas públicas de cultura. Brasília-DF, 13 de dezembro de 2005.
FRANÇA, L. Módulo II – Função Social do Museu. In: Curso de Museologia Social – Conceitos, Técnicas e Práticas. Campo Grande: Portal Educação e Sites Associados, 2009.
LEITE, J. A. Breve História do Museu. In: Jornal O Centenário: iniciação à história de Anápolis. Anápolis: UniEVANGÉLICA, 2007.
MUSAS – Revista Brasileira de Museus e Museologia, nº. 3, Rio de Janeiro: 2007.
*TIZIANO MAMEDE CHIAROTTI: É o atual diretor do Museu Histórico de Anápolis Alderico Borges de Carvalho.
Resumo: O texto tem por objetivo relatar brevemente a trajetória da Instituição Museu e a sua função social. Nesse contexto, para cumprir este empreendimento, lança-se mão de importantes fontes textuais que, em suas linhas mais gerais, mostram o que significam aqueles tópicos.
Palavras-chave: museu histórico, função social.
Introdução
O artigo tem o objetivo de descrever a trajetória da Instituição Museu em nosso país e na cidade de Anápolis como também a de realizar uma pequena discussão sobre a sua função social. Porém, antes de começar essa tarefa, devemos entender que o sentido de museu vem da mitologia grega, cuja acepção é “a casa das musas” (Calíope, Clio, Erato, Euterpe, Melpômene, Polímnia, Tália, Terpsícore e Urânia) que enalteciam os feitos dos deuses do Olímpo após a guerra contra os Titãs. A idéia implícita era a de ser este espaço uma casa que glorificava os tempos pretéritos.
Com o passar do tempo, então, além do significado descrito acima, aquela instituição começa a ganhar outros mais amplos, em virtude do próprio desenvolvimento da ciência e, particularmente, da museologia1.
Assim, com o propósito de explicitar um pouco do museu, sua historicidade e importância, subdividimos as linhas transcritas abaixo em duas partes: “Breve contextualização” e “Função social”, seções estas que veremos com mais detalhes, adiante.
Breve contextualização
O museu histórico, conforme nos apontam os artigos contidos na Revista Brasileira de Museus e Museologia – MUSAS (Ano 3, 2007, nº. 3), é um espaço que necessita dos pilares técnicos da museologia. Estes critérios técnicos são tratados através de normas e conceitos teórico-metodológicos que levam a sua otimização frente às demandas da sociedade.
Nesse sentido, segundo o Conselho Internacional de Museus (ICOM), o atual conceito de museu é definido da seguinte maneira:
O museu é uma instituição permanente, aberta ao público, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, que adquire, conserva, pesquisa, expõe e divulga as evidências materiais e os bens representativos do homem e da natureza, com a finalidade de promover o conhecimento, a educação e o lazer. (IPHAN / ICOM, 2005, apud França, 2009)
Com este sentido, a Instituição Museu passa a ser uma grande promotora do desenvolvimento do homem, pois retrata a sua diversidade e a variada gama de possibilidades da civilização representada pela cultura material depositada no seu acervo.
No Brasil, de acordo com o Caderno de Propostas da 1ª Conferência Nacional de Cultura, aquela temática descrita no parágrafo anterior começa a tomar corpo institucional, quando os primeiros ensaios para estabelecer uma política pública para o patrimônio cultural brasileiro foram iniciados com a criação do Museu Histórico Nacional (MHN), por Gustavo Barroso, em 1922. Tal museu foi regulamentado pelo Decreto nº. 24.735/1934 e tinha como motivo principal a urgente necessidade de se proteger as obras e monumentos artísticos e históricos nacionais ameaçados de destruição.
Na cidade de Anápolis, conforme relata Leite (2007), o museu histórico2 só foi instalado a partir da Portaria nº 261 de 24 de setembro de 1971, na gestão do ex-prefeito Henrique Santillo (1969-1973). Este autor mostra que, nesse mesmo ano, foi criada uma comissão organizadora presidida pelo professor Jan Magalinski, participando Tauny Mendes, James Fanstone, dentre outros e que tinha por missão a constituição de acervo, organização de exposições, realização de cursos além de promoção de reuniões culturais e publicação de alguns números de jornais do museu.
Mais tarde, através da Lei nº 390 de 27 de junho de 1973, o museu passa a ser considerado de utilidade pública, pois se constitui num espaço que contribui com o resgate da memória, um lugar de investigação, interpretação, mapeamento da documentação e preservação cultural de Anápolis. Em vista disso, no dia 26 de julho de 1975, o museu histórico é definitivamente aberto à comunidade, na gestão do ex-prefeito Jamel Cecílio (1975-1978), tendo como primeiro diretor o Professor Jan Magalinski.
Por causa desta importância cultural, o museu abriga uma função toda especial, tópico que discutiremos aprofundadamente a seguir.
Função social
A função que o museu exerce na vida de um povo é muito relevante, haja vista que, conforme observa França (2009), este apresenta à coletividade sua história e sua cultura. Esta instituição deve promover ações para que a comunidade valorize sua identidade e preserve seu patrimônio cultural, pois:
A função do museu deve centrar-se em poder colocar a população local em contato com sua própria história, suas tradições e valores. Por meio destas atividades o museu contribui para que a comunidade tome consciência de sua própria identidade que geralmente tenha sido escamoteada por razões de ordem histórica, social e racial. (Documento do ICOM – Conselho Internacional de Museus, 1986, apud França, 2009)
Portanto, o desempenho dessa função social do museu envolve técnicas, recursos e ações socioeducativas, tais como:
Projetos para jovens, crianças e adultos mediante exposições temporárias ou itinerantes com o acervo do museu, realização de ciclos de filmes, seminários, conferências e palestras;
Visita guiada, que é um dos meios utilizados para facilitar a relação entre o visitante e o conteúdo da exposição;
Oficinas, que são formas de apoio para as atividades socioeducativas na formação e capacitação;
Publicações do museu, cujo objetivo é permitir que a população conheça o museu, as pesquisas e projetos que realiza.
Todas essas ações, enfim, são formas de o museu contribuir para o desenvolvimento da capacidade individual e coletiva do cidadão, permitindo a eles informar-se e aprender sobre seu passado, por meio da valorização e preservação do seu patrimônio cultural. Em outras palavras, permitem que as pessoas conheçam suas origens tornando-as, consequentemente, habitantes de um mesmo lugar com valores e tradições semelhantes.
Considerações finais
As atividades desenvolvidas nos museus (exposições, cursos, palestras, seminários, oficinas e outras) devem estar fortemente identificadas com as expectativas da comunidade, demonstrando que é uma organização a serviço do público. Isso simboliza o ideal da museologia social, pois cumpre com o dever de preservar e valorizar a história, a memória e as tradições locais.
Como percebemos nos parágrafos supracitados, o museu é um local com várias funções que vão desde a realização de projetos para jovens, crianças e adultos até as publicações de suas pesquisas. Assim sendo, com o intuito de divulgar estas pesquisas, este texto cumpre o seu papel informativo, divulgando a função da Instituição Museu para a comunidade Anapolina.
Referências:
CADERNO DE PROPOSTAS. 1ª. Conferência Nacional de Cultura. Estado e sociedade construindo políticas públicas de cultura. Brasília-DF, 13 de dezembro de 2005.
FRANÇA, L. Módulo II – Função Social do Museu. In: Curso de Museologia Social – Conceitos, Técnicas e Práticas. Campo Grande: Portal Educação e Sites Associados, 2009.
LEITE, J. A. Breve História do Museu. In: Jornal O Centenário: iniciação à história de Anápolis. Anápolis: UniEVANGÉLICA, 2007.
MUSAS – Revista Brasileira de Museus e Museologia, nº. 3, Rio de Janeiro: 2007.
*TIZIANO MAMEDE CHIAROTTI: É o atual diretor do Museu Histórico de Anápolis Alderico Borges de Carvalho.
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